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Editorial “Laps interlúdio”

Wilker França – Associado IPB

“Quando […] o esp(aço) de um laps(o) já não tem nenhum impacto de sentido (ou interpretação), só então temos certeza de estar no inconsciente.” Lacan nos orienta, a partir dessa citação, que o inconsciente real se apresenta nesse espaço de um lapso, um espaço tênue que não admite transferência, sentido, amizade, parceria, nenhum laço possível. Nessa dimensão do inconsciente não há incidência do Outro para significar o lapso. No Seminário 24, L´insu que sait de l´une-bévue s´aile a mourre, Lacan nos diz que o “Um dialoga sozinho” para se referir à fala nesse espaço de ausência do Outro e prevalência do gozo. Contudo, faz-se importante destacar que uma análise prescinde do Outro, mas não da presença do analista. Diante da inexistência do Outro, a presença do analista não se apaga; muito pelo contrário, é uma presença que faz furo e encarna o não simbolizado do gozo.

Nessa direção, em um esforço de poesia, poderíamos dizer que o Bernardino, em sua presença viva, nos concede uma entrevista que faz furo à rotina habitual da equipe Lapsus. Tomados pelo impacto de suas palavras agalmáticas, toda a equipe se viu imbuída em escrever sobre o que ressoou em cada um, e assim surge esta Lapsus que se intromete na periodicidade da revista para fazer repercutir essa entrevista-acontecimento.

Lacan nos diz que é a partir do acontecimento Freud, sua descoberta do inconsciente como fazendo furo ao discurso universal, que ele formula sua resposta sintomática que é o Real. Miller, em Perspectivas do Seminário 23, prefere usar a expressão “traumatismo Freud” e diz que sua pretensão é de fazer repercutir esse traumatismo. Dessa forma, somos testemunhas da obstinação de Bernardino em também fazer repercutir esse traumatismo e, assim, manter viva a psicanálise de orientação lacaniana no mundo. Poderíamos dizer, então, que a revista Lapsus é uma criação viva para seguirmos repercutindo esse traumatismo.

Extra! Extra! A Lapsus está no ar. E convidamos cada um a se deixar afetar pelo dizer de Bernardino Horne em sua entrevista e pelos ecos das associadas do IPB: Camila Abreu, Jaine Porto, Julia Jones e Graziela Pires.

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