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Fazer-se presente através da escrita

Júlia Jones – Associada IPB

Há pouco tempo, tive um encontro com a expressão “trocar uma ideia”, que para o dicionário informal significa: “1. o mesmo que bater um papo com alguém, conversar; 2. refere-se à troca de ideias realizada por meio da interação entre pessoas”. Foi após uma conversa com um amigo que entendi, no corpo, o significado dessa gíria. Ao trocar uma ideia, minha cabeça abriu. De repente, fui tomada por novas formas de pensar e de estar no mundo. Ali, naquele encontro, algo aconteceu de tão extraordinário que deslizou para outras experiências, como pude perceber com a leitura. A cada capítulo do Seminário 16 – De um Outro ao outro, ou do Silet (que tenho estudado neste ano), sentia a companhia de Lacan, sentia a companhia de Miller. Eles se faziam presentes para mim como um amigo que compartilha os seus pensamentos. Sinto a presença deles ali comigo. É esse o ponto que me faz conseguir a dedicação à escrita neste momento. Após ler Bernardino, quando diz que a Lapsus é a revista dos associados, uma revista para a produção escrita individual, “é uma revista fundamentalmente para que os associados escrevam textos sobre o que estão estudando e pensando”. E é sobre isso que tenho pensado: o ato da escrita como uma forma de se tornar presente através do que se quer dizer do que se tem pensado. Ou seja, sendo o inconsciente estruturado como uma linguagem, seria a escrita uma forma de acessar esta alteridade que há no íntimo de cada um? Vou procurar saber. Por ora, sei que é sempre bom trocar uma ideia com Bernardino!

 

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