EDITORIAL
“Laps Interlúdio”
Wilker França – Associado IPB
“Quando […] o esp(aço) de um laps(o) já não tem nenhum impacto de sentido (ou interpretação), só então temos certeza de estar no inconsciente.” Lacan nos orienta, a partir dessa citação, que o inconsciente real se apresenta nesse espaço de um lapso, um espaço tênue que não admite transferência, sentido, amizade, parceria, nenhum laço possível. Nessa dimensão do inconsciente não há incidência do Outro para significar o lapso. No Seminário 24, L´insu que sait de l´une-bévue s´aile a mourre, Lacan nos diz que o “Um dialoga sozinho” para se referir à fala nesse espaço de ausência do Outro e prevalência do gozo. Contudo, faz-se importante destacar que uma análise prescinde do Outro, mas não da presença do analista. Diante da inexistência do Outro, a presença do analista não se apaga; muito pelo contrário, é uma presença que faz furo e encarna o não simbolizado do gozo.
ENTREVISTA
Lapsus Entrevista 2023
Olá, Bernardino! Primeiramente, gostaria de agradecer a disponibilidade em participar desta entrevista para a Lapsus – esta revista do Instituto de Psicanálise da Bahia que há pouco mais de doze anos estava sendo pensada e idealizada por você. É uma honra tê-lo nesta edição da Lapsus.
1) Gostaria de saber um pouco mais sobre esse início da Lapsus, o que você pretendia quando a lançou. Ao mesmo tempo, gostaria que você falasse um pouco sobre o lugar da escrita para você e como poderíamos pensar o lugar do ato de escrever e publicar na formação do analista.
ECOS DA ENTREVISTA
A exposição da escrita não é sem coragem e amor
Camila Abreu Costa – Membro NPJ da EBP
Um ponto importante: “também impulsei atividades nas quais os associados do Instituto foram os atores e responsáveis de suas atividades, assim como ter espaços entre eles para debater e estudar, sendo o cartel o lugar privilegiado” (Horne, 2023).
Destaco esse ponto porque acho fundamental pensarmos em como nós, associadas (os), podemos contribuir tanto com o Instituto de Psicanálise da Bahia (IPB-BA), quanto em nossa formação como analistas. Penso que as duas coisas andam de mãos dadas. O IPB-BA me provoca e traz à tona um significante muito primoroso que se chama “coragem”.
Do amor e do saber: amar o saber
Jaine Porto – Associada IPB
Na entrevista com Bernardino Horne para a Lapsus, edição de 2023, é traçada uma linha, ou melhor, analogicamente desenrolado um novelo, em torno das proposições da organização da revista enquanto projeto embrionário – sendo importante aqui citar que foi lançada como alternativa para dar conta da dificuldade/inibição dos associados em escrever – na entrevista, é colocado ainda, em jogo, as premissas e os direcionamentos que seguem até a presente edição. A entrevista segue em resposta à questão que perpassa o lugar da transferência entre Instituto e Escola colocado enquanto agalma do desejo do analista, dispondo algo da escrita e produção, enquanto condição para a formação do analista, até chegar ao tema da Jornada do IPB e da EBP – “Desejo, mostra a tua cara”, pensando o desejo a partir do último ensino de Lacan.
Fazer-se presente através da escrita
Júlia Jones – Associada IPB
Há pouco tempo, tive um encontro com a expressão “trocar uma ideia”, que para o dicionário informal significa: “1. o mesmo que bater um papo com alguém, conversar; 2. refere-se à troca de ideias realizada por meio da interação entre pessoas”. Foi após uma conversa com um amigo que entendi, no corpo, o significado dessa gíria. Ao trocar uma ideia, minha cabeça abriu. De repente, fui tomada por novas formas de pensar e de estar no mundo. Ali, naquele encontro, algo aconteceu de tão extraordinário que deslizou para outras experiências, como pude perceber com a leitura
A escrita, o que em cada um faz elo, entre Escola e Instituto
Graziela Pires – Associada ao IPB
No mergulho profundo do discurso analítico, Bernardino Horne, figura destacada do Instituto de Psicanálise da Bahia e criador da revista Lapsus, revela uma perspicácia ímpar. A Lapsus, surgida como resposta à carência de uma plataforma que impulsionasse os associados a transpor a barreira da escrita, desvela-se como um caldeirão onde a reflexão e o debate encontram solo fértil.